terça-feira, 28 de setembro de 2010

Adolescência interrompida pelo compromisso de ser MÃE


Por Laryssa Alves



Meninas trocam bonecas por sexo  cada vez mais cedo.  É o que revela a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde ( PNDS).Segundo a pesquisa, até os 15 anos,33% das mulheres já haviam tido relações sexuais. E 67% das jovens entre 15 a 19 anos sexualmente ativas,já haviam usado algum método contraceptivo,como por exemplo o preservativo, a pílula e os injetáveis.
De acordo com o Dr. Maurício Leite - ginecologista do Hospital de Clínicas São Vicente,há bastante procura nos hospitais de meninas com idade inferior a 19 anos. Na maioria das vezes  já chegam grávidas e são encaminhadas ao pré –natal. Para meninas com idades inferior a 15 anos, os anticoncepcionais são contra-indicados. Porque elas estão em fase de desenvolvimento e isso pode prejudicar o crescimento. Então, o risco se torna maior que o benefício.
Na Maternidade Leila Diniz,no Rio de Janeiro, a situação é grave. 24% dos partos são de meninas entre 15 e 19 anos  e 1,5 entre 10 e 14 anos.Se gravidez houve, significa que a proteção contra DST – AIDS passou longe.

Em entrevista ao blog, duas adolescentes dão versões diferentes de como foi a transição de menina para mulher. O que nos leva a perceber que nem sempre as histórias têm o mesmo final.
A primeira adolescente se chama Isabela Junior,e hoje tem 20 anos.
"Não pensei nas conseqüências antes de ter a minha primeira relação.Não imaginava que a camisinha iria estourar.  Aos 16 anos engravidei, mas não fui influenciada pelo meu namorado.Foi algo que aconteceu naturalmente, sem pressão.Foi um problema quando descobri  que estava  grávida, pois me vi sozinha. Como iria cuidar de outra vida? Mas depois de um tempo , recebi apoio de algumas pessoas e ficou bem mais fácil. Infelizmente tive que abandonar os estudos, mas graças a Deus nunca passei necessidade. Hoje em dia, meu filho tem 02 anos e eu já posso trabalhar porque uma pessoa de confiança toma conta dele."
Já a Juliana Kelly  de apenas 14 anos , tem uma história um pouco diferente da Isabela.
"Quando perdi minha virgindade,fui  influenciada pelo meu namorado. Já que ele tinha 18 e eu 13 aninhos. Enquanto namorávamos ,pensei bastante antes de engravidar. A gravidez me fez abandonar os estudos ,mas não vou ter dificuldades em sustentar o meu filho. Até porque meu namorado trabalha bastante. Mês que vem me mudo pra nossa casa e com isso vou ter outras responsabilidades como ser dona de casa,mulher , além de ser mãe. Apesar de tudo o que aconteceu, não acho que foi um problema. Só poderia ter esperado mais."
A psicóloga Vicencia Raposo  explica que há vários fatores relacionados à essas adolescentes que se vêem grávidas. A baixa escolaridade,nível social baixo,círculo de amizades,cultura limitada,visão limitada,entre outros. Mas o que mais influencia são os meios sociais e culturais. Tirando como exemplo  as novelas, onde tem uma demonstração de sexo e  muitas vezes o baile funk ,onde é nítido essa exploração, esse incentivo. Fazendo com que seja fácil ser praticado,sem ao menos pensar nas conseqüências. Não podemos  apontar   somente a mídia.A educação nas escolas falham de algum modo. Eles só falam como se prevenir,não explicando as conseqüências que uma atitude impensada pode acarretar. Os pais também poderiam dialogar mais, porque o diálogo vem junto com qualidade de vida,valores, planejamento.E certamente não haveria um índice tão alto de meninas grávidas.
Ou seja,  elas não sabem o prazer de ler um livro , de ir ao cinema , teatro.O sexo fica sendo um desvio do prazer. Uma forma irresponsável de se sentir satisfeita. Só a educação transforma a vida.

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